As palavras e a oração

No livro As Memórias da Irmã Lúcia, a vidente contou em detalhes o perfil do primo Francisco: circunspecto, reservado, tão dedicado à oração. “O Francisco era de poucas palavras; e para fazer a sua oração e oferecer os seus sacrifícios, gostava de se ocultar até da Jacinta e de mim”.

Outro dia, reli mais uma vez esta passagem do livro e as palavras ficaram ressoando no meu coração. Por que precisamos de muitas palavras para rezar? Por que precisamos estar com os outros neste momento? 

A oração é, sobretudo, um momento íntimo com Deus. Aquele tempinho em que compartilhamos com Ele tudo aquilo que somos e temos, vivemos e desejamos, ganhamos e perdemos. É ocasião também de ouvir, de sentir o Senhor e sua misericórdia.

É claro que podemos fazer uma prece comunitária, em que rezamos juntos, em voz alta, com amigos e companheiros. Mas, mesmo nestes momentos, o que está no coração enquanto recitamos as palavras é o que verdadeiramente estamos comunicando a Deus. É o que sentimos na profundidade da alma que estamos oferecendo ao Pai.

Deus é capaz de compreender mesmo aquilo que não traduzimos em palavras. Nossos medos, nossas inseguranças, nossas dores, nossos sonhos, nossa esperança. Quando rezamos e permitimos que o Senhor entre em nosso coração, Ele é capaz de ver tudo, entender tudo e acolher tudo. 

Não há uma fórmula certa para a oração. Não existe uma única maneira de rezar. Cada um encontra o seu jeito, o seu momento, o seu método. Mas, em todos os casos, há uma única condição indispensável: a vontade sincera de estar e falar com Deus.

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