“Quero que venham aqui no dia 13 do mês que vem, que continuem a rezar o terço todos os dias, em honra de Nossa Senhora do Rosário, para obter a paz do mundo e o fim da guerra, porque só Ela lhes poderá valer.” Trata-se do fim da Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
Após a visão do inferno, a Senhora diz: “A guerra vai acabar. Mas, se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra pior”. Para Lúcia, a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) começou no tempo do referido Papa com a anexação da Áustria, não com a invasão da Polônia pelos alemães, como dizem os historiadores, no período de Pio XII. Assim sendo, a anexação seria a causa remota e a invasão armada a causa imediata.
O rosário e a devoção ao Coração de Maria põem a Mensagem de Fátima no sentido da obtenção da paz cada vez mais distante e impossível. A propósito, Lúcia em suas Memórias diz que Jacinta nos aconselha a pedir a paz ao Imaculado Coração de Maria. Jacinta ensinou a Lúcia que Deus entregou a paz ao Coração de Maria. Tornou-se mais dom divino que esforço.
A Irmã Ângela de Fátima escreveu, em nota de rodapé, como Ir. Lúcia de Jesus entendia a Mensagem: Viria uma guerra pior que seria uma guerra ateia, contra a fé, contra Deus, contra o Povo de Deus, que pretendia exterminar o judaísmo, donde nos vieram Jesus Cristo, Nossa Senhora e os Apóstolos, que nos transmitiram a palavra de Deus e o dom da fé, da esperança e da caridade; povo eleito por Deus, escolhido desde o princípio: “A salvação vem dos judeus” (cf. DENTRO DA LUZ. V. O segredo que revela o essencial, Ed. Santuário de Fátima, 2 ed., p. 113). É o entendimento após a vidência infantil, agora fruto da maturidade.
A simbólica da luta está presente, desde o Livro do Gênesis, quando é dito que Deus porá inimizade entre a serpente e a Mulher e entre esta e sua linhagem, respectivamente Maria e Jesus (Gn 3,15). Este primeiro anúncio da redenção aponta para a guerra permanente, no interior da história humana, entre o mistério da iniquidade e o mistério da piedade, segundo o modo de dizer de Paulo (cf. 2Ts 2,7; 1Tm 3,16). O Apocalipse retoma semelhante simbologia com a Mulher, grávida e puérpera, e o Dragão que deseja destruir a Criança e é identificado com a antiga serpente (Ap 12,12). A esperança se mantém nas duas narrativas.
A Escritura refere-se muitas vezes à dureza da guerra e a fragilidade da paz e a conflitos: o exílio, o cativeiro, a fome, as lutas e invasões. Diante disso, há um progressivo ensinamento sobre a esperança da paz nos profetas, a paz messiânica, e nos sábios. Isaías ensinará: “O fruto da justiça será a paz” (Ia 32,17). Coélet constatará que há “tempo de guerra e tempo de paz” (Ecl 3,8). “A paz que o mundo não pode dar” é obra da redenção do Senhor, da sua doação.
As Guerras Mundiais, totalitarismo, guerra fria, corrida armamentista, armas nucleares e ateísmo são o legado do século XX. A perseguição aos católicos, para São João Paulo II, fez “o século dos mártires”. A Igreja comprometida com a paz é o bom legado. São João XXIII escreveu a Encíclica sobre a paz, atualizando o que disse Santo Agostinho: “a paz é a tranquilidade da ordem”. São Paulo VI criou o Dia Mundial da Paz com várias Mensagens: a Paz é possível; é equilíbrio no movimento, etc. Insistiu que “o desenvolvimento integral é o novo nome da paz”. São João Paulo II serviu a paz como ninguém. Descreveu uma cidade destruída pela bomba atômica para implorar o desarmamento das grandes potências. Vítima ele de atentado, em 13 de maio de 1981, atribuiu à Rainha da Paz o desvio da bala mortal.