A PROPÓSITO DO ANO DE SÃO JOSÉ

O Papa Francisco cujo pontificado teve início na Solenidade de São José estabeleceu que de 8
de dezembro de 2020 a 8 de dezembro de 2021, a Igreja Católica celebre o Ano de São José.
Trata-se de comemorar os 158 anos do Decreto de Proclamação de São José como Padroeiro
Universal da Igreja pelo seu antecessor Pio IX. Não podemos deixar passar em branco.
Achamos conveniente e proveitoso lembrar o que Irmã Lúcia escreveu em suas Memórias
sobre a as aparições do dia 13 de outubro de 1917: “Desaparecida Nossa Senhora, na imensa
distância do firmamento, vimos, ao lado do sol, S. José com o Menino e Nossa Senhora
vestida de branco, com um manto azul. S. José com o Menino pareciam abençoar o Mundo
com uns gestos que faziam com a mão em forma de cruz… Nosso Senhor parecia abençoar o
Mundo da mesma forma que S. José”.


Apesar da imprecisão do verbo ‘parecer’, a figura de José é o da maioria das imagens
católicas com o Menino ao colo. Tal figura seria fácil de ser reconhecida pelos pastorinhos e
por qualquer católico. Ao aparecerem os três Jesus, Maria, José, a visão apresenta a Sagrada
Família, de modo acessível à compreensão das crianças inclusive devido ao presépio. Diz
respeito à Sagrada Família de Nazaré, na qual José é visto como guardião e defensor e, por
extensão, Padroeiro das famílias cristãs. A bênção com o sinal da Cruz, seja pelo Menino
Jesus seja por José, sobre o Mundo, reforçaria na mente das crianças o pedido de Maria para
que rezassem e se sacrificassem pela conversão dos pecadores. Aponta para o Mundo, ávido e
necessitado da bênção da redenção e da paz.


O evangelista Mateus escreve a infância de Jesus a partir de José ao contrário de Lucas que o
faz a partir de Maria. Por São Mateus compreendemos, de modo discreto, a santidade de José,
chamado de homem justo (Mt 1,10) no momento mais dramático de sua vida ao constatar que
Maria esperava um filho que não era seu. Resolveu abandoná-la em segredo (v. 19). Decidira
pela clemência, isto é, afastar-se sem denunciá-la. Todavia, Deus planejara diferentemente.
Segundo o plano da salvação, a santidade de José haveria de manifestar-se por sua obediência
na fé: assumir Maria e o Menino, ou seja, conviver com o Mistério e proteger o Sagrado.
Nada diz ao sonhar e ao acordar. Faz o que o anjo lhe dissera.


Sabemos que Deus pode intervir numa vida, plasmando-a para projetos maiores sem ferir o
dom da liberdade. Deus que chama concede a graça do sim livre e da execução generosa.
Entende-se, pois, por que José pôde tornar-se esposo de Maria, guardando sua virgindade
consagrada. Por isso, em sua imagem mais comum, segura em uma das mãos um lírio branco
da castidade de sua esposa e na outra mão o Menino para o qual se tornou pai e protetor.
O Cardeal Suenens teve uma intuição interessante e escreveu-a: “José, esposo de Maria, a
Mãe de Jesus, permanece misteriosamente unido a Ela, enquanto se realiza no mundo o
nascimento místico da Igreja”. Tal gestação histórica da Igreja é obra inacabada e o casal
participa desta tarefa dos discípulos e discípulas, dos apóstolos com Pedro à frente. Talvez por
isso, em momento dramático para o Mundo e para Igreja, Maria se despede em Fátima,
acompanhada com São José, discreto e silencioso. Antes, porém, ela compromete a Igreja
toda, os bispos e o papa. O referido Cardeal intuíra: “José, o pai adotivo de Jesus, é também o
Pai adotivo dos irmãos de Jesus, quer dizer, de todos os cristãos através dos tempos”. Eis o
sentido da proclamação de ser ele o Padroeiro da Igreja e da aparição abençoando o Mundo.

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