A PROPÓSITO DE SÃO JOSÉ

Irmã Lúcia em suas Memórias afirma sobre as aparições do dia 13 de outubro de 1917: “Desaparecida Nossa Senhora, na imensa distância do firmamento, vimos, ao lado do sol, S. José com o Menino e Nossa Senhora vestida de branco, com um manto azul. S. José com o Menino pareciam abençoar o Mundo com uns gestos que faziam com a mão em forma de cruz”. O Menino Jesus no colo de São José parece-nos uma projeção da sua imagem comum, fácil de identificação.

Destacamos este aspecto das aparições em Fátima devido ao Ano de São José (8/12/2020 a 8/12/2021) que está em fase de conclusão. O Papa Francisco não quis que esquecêssemos os 150 anos da proclamação de São José, Padroeiro da Igreja Universal, por Decreto assinado pelo Beato Pio IX, em 8 de dezembro de 1870. Caracteriza São José, na Carta Apostólica ‘Patris corde-com o coração de pai’ como sendo: “Pai amado, pai na ternura, na obediência e no acolhimento, pai com coragem criativa, trabalhador, sempre na sombra” e acentua: “o homem que passa desapercebido, o homem da presença cotidiana discreta e escondida”.

A presença de São José, abençoando o mundo, lugar da atuação da Igreja, logo após o desaparecimento da Senhora do Rosário, aponta para esta “presença cotidiana discreta e escondida”, que não pode estar “sempre na sombra”, isto é, não pode ser posta no esquecimento, pois, colaborou no mistério da Redenção e tem sua função no Corpo Místico ao lado de Maria.

A santidade de José é reconhecida no Evangelho ao ser chamado de “justo” (Mt 1,19), na situação mais dramática de sua vida, ao constatar que sua esposa estava grávida de filho que não era seu. Na Bíblia, justo é todo homem cumpridor da Lei ou temente a Deus.  Porém, na experiência única de José, ele pensava em não usar do direito à denúncia, recorrendo ao repúdio silencioso. Decidira pela clemência de romper com o casamento, secretamente. Esta discrição revela sua nobreza expressa em autodomínio e em generosidade. Notável também é a delicadeza para com Maria, a jovem donzela. Ele pensava deixa-la discretamente em silêncio. Entretanto, Deus planejara diferente. A santidade de José haveria de ser reconhecida por sua obediência à vocação de ser esposo e pai, de modo heroico e inédito.  Assumiu Maria, como sua esposa com o Menino, obra do Espírito Santo, dando-lhe o nome de Jesus (Mt 1,20-21). Ouviu a Deus, na palavra do anjo, porém em sonho. Nada diz, mesmo ao sonhar. Acordando, realiza tudo prontamente.  Nada faz fora da obediência inclusive a escolha do nome do Menino. Responde tão somente com atitudes, sempre no silêncio (v.24).

Por José, sabemos que Deus pode intervir numa vida, plasmando-a para projetos maiores. Quem chama, concede a graça do sim livre e da execução generosa. Neste sentido, entende-se como José foi esposo de Maria, respeitando sua virgindade. Sua imagem segura um lírio branco da castidade para lembrar-nos de seu incomparável amor para com Maria, afeto de companheirismo e de amizade.  Torna-se, pois, para nós o modelo mais perfeito de veneração mariana.  A propósito, escreveu o Cardeal Suenens: “José, esposo de Maria, a Mãe de Jesus, permanece misteriosamente unido a Ela, enquanto se realiza no mundo o nascimento místico da Igreja”.  Continua: “José, o pai adotivo de Jesus, é também o Pai adotivo dos irmãos de Jesus, quer dizer, de todos os cristãos através dos tempos”. Exerce sua paternidade, adotando-nos. Ele é, para nós um pai ou patriarca e por extensão: patrono, provedor, padroeiro, cuidador, protetor.

José ensinou Jesus a trabalhar. Era costume que a profissão do pai fosse a do filho. Por isso, o Mestre foi reconhecido como “filho do carpinteiro” (Mt 13,55) e “o carpinteiro” (Mc 6,3). Enfim, José morreu como trabalhou e viveu, na santidade, seja na alegria, seja no sofrimento. Tudo de si foi para Jesus e para Maria, protegendo o Mistério até a morte. Morreu como viveu.    

Convém que os devotos de Maria sejam devotos de São José, unidos entre si e ao Filho de Deus.

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