A Irmã Ângela de Fátima Coelho em seu precioso livro: “DENTRO DA LUZ um itinerário para compreender a mensagem de Fátima” escreve: “…a renúncia que faz a Jacinta da sua refeição tem valor, não tanto pelo “não” que implica, mas pelo “sim” que afirma: a partilha com os que são mais pobres e o sinal de um grande amor a Deus e a todos os que são amados por Deus”. Jacinta, embora criança, já possuía a sensibilidade de quem vê Jesus no pobre e no carente. A propósito, o que nos diz a Escritura?
Partilhe o pão com os pobres!!! O ensinamento do profeta é que o jejum que agrada a Deus consiste em repartir o pão com o faminto (Is 58,7). Jesus aprecia este ensinamento profético ao ponto de se identificar com os que passam fome. Expõe, na parábola do juízo final, a surpresa escatológica: “Senhor, quando foi que te vimos com fome e te alimentamos, com sede e te demos de beber?’ (Mt 25,37). Tal surpresa, certamente, não ocorrerá para nós, pois sabemos que Jesus, de fato, quer que nós o vejamos e o acolhamos “nesses irmãos mais pequeninos” (v. 40). Quer que nos aproximemos deles como fez o bom samaritano que se tornou próximo do homem que caiu nas mãos dos bandidos (Lc 10,29-37).
Lucas apresenta Maria, no seu cântico do Magnificat, em sintonia com a necessidade dos empobrecidos: “Cumulou de bens os famintos e despediu os ricos de mãos vazias” (1,53) em clara opção com a predileção divina. O Jesus de Lucas aconselha a vender os bens e a dar esmolas. Ensina fazer riquezas no Reino onde os ladrões não podem roubar (12,3334). É também o único que nos apresenta a parábola do mau rico e o pobre Lázaro a expor a situação extrema de desigualdade e de insensibilidade sociais de ontem e de hoje (16,19-31).
A resposta que a Igreja primitiva dá à problemática social da desigualdade é narrada por Lucas nos Atos dos Apóstolos. Devido à partilha dos bens, na primeira Comunidade Cristã “não havia entre eles necessitado algum” (At 4,14). Assim sendo, todas as vezes que partilhamos nossos bens, sobretudo, o alimento com os pobres imitamos, minimamente, a Igreja primitiva de Jerusalém. Quando igualmente fazemos campanhas a favor dos empobrecidos, vivenciamos a solidariedade dos primeiros cristãos por ocasião da grande fome: “Decidiram então os discípulos, cada um segundo suas posses, enviar contribuições em ajuda aos irmãos que moravam na Judéia. Eles, de fato, o fizeram enviando-as aos anciãos, por intermédio de Barnabé e de Saulo” (At 11,29).
Em Banneux, na Bélgica, Maria se autointitulou A VIRGEM DOS POBRES. Por ela, somos convidados à solidariedade com aqueles que mais sofrem as consequências das crises humanitárias em qualquer tempo. Quanto ao PÃO DE FÁTIMA, assemelha-se aos pães e aos peixes multiplicados por Jesus. O que é isto para tanta gente? Jesus Cristo os multiplicou, em cima da generosidade do menino que doou seu farnel (Jo 6,9). Igualmente, entre nós, Ele multiplica e distribui aquilo que os VOLUNTÁRIOS dão do seu pouco ou muito.
O PÃO DE FÁTIMA inclui, além dos pães, as quentinhas. Porém, cheias de amor. Não ocorre nem poderia ocorrer o que afirma a poesia de Fernando Pessoa sobre a “comida servida fria”, por falta de afeto. Quente de amor são distribuídas não só às instituições católicas, mas às evangélicas e às espíritas. Assim, a ação caritativa da Tarde com Maria é expressão de pura fraternidade. O bem é feito sem olhar a quem. Simples gratuidade! Por isso, nós agradecemos aos queridos VOLUNTÁRIOS do Pão de Fátima e à Mãe dos pobres que o inspira e abençoa.